Implementada paralelamente nos três polos, esta atividade permitiu mobilizar os atores locais das cadeias madeireiras entorno de um projeto concreto, e se tornou estruturante das atividades do projeto, com 4 associações de moveleiros (AMACAS, ASPAM, AFAM, AMEC) devendo comprar madeira dos PMFSPE elaborados e licenciados. A atividade foi muito instrutiva para identificar na prática os desafios a serem superados para poder viabilizar as cadeias da madeira manejada. Muitos aprendizados subsidiaram as atividades desenvolvidas a nível das políticas públicas.

O projeto Floresta Viva, com uma forte contribuição da FUCAPI, desenvolveu as atividades conforme a sequência seguinte (o detalhe e as datas são indicadas nas planilhas mais abaixo):

§       Fase I – Diagnóstico

Nesta fase, o projeto realizou varios diagnósticos, estudos e consultas visando caracterizar as capacidades produtivas dos moveleiros e identificar os produtos a serem testados. Em setembro de 2006 foi decidido que o produto “cama” seria priorizado.

§       Fase II - Desenvolvimento de produtos

A FUCAPI gerou inicialmente 27 alternativas de camas, sendo 12 voltadas para o mercado dos pólos e 15 voltadas para o mercado de Manaus. As alternativas foram apresentadas a um grupo de empresários, que indicaram a opção com melhor potencial mercadológico, segundo suas percepções. Também foram apresentadas em oficinas às associações de moveleiros dos pólos para tomada de decisões sobre os produtos, discussão sobre as idéias-macro que envolvem as estratégias de marketing e socialização do processo de criação de produtos (metodologia de criação, estudos, registro de projetos no INPI, entre outros). Foram selecionados 2 modelos por município, ou seja 12 modelos de camas. Após a prototipagem dos 12 modelos escolhidos, o projeto organizou uma reunião de apresentação de produtos com empresários de Manaus, com a presência do Secretário da SDS e uma boa cobertura da midia.

Nessa fase, 60 movelarias das 4 associações participaram do processo.

§       Fase III – Preparação das associações, formalização de acordos e preparação dos treinamentos

Os modelos são registrados no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual – INPI a nome da FUCAPI, que assinou um Contrato de Cessão de Direitos de Reprodução com cada associação de moveleiros. As condições de cessão foram discutidas e validadas por ambas partes: a cessão é sem custo para as associações, que têm exclusividade da reprodução dos modelos, em troca de uma responsabilização das associações em fazer respeitar os padrões de qualidade, por meio de um controlador de qualidade. Somente os moveleiros treinados pela FUCAPI e com certificado de habilidade entregue pela FUCAPI têm o direito de produzir as camas.

§       Fase IV – Treinamento para fabricação das camas

Os treinamentos foram organizados conforme disponibilidade da madeira manejada, entr março e agosto de 2007. Com uma duração de 10 dias, cada treinamento esteve organizado em 9 módulos.

Os moveleiros aprendem a fabricar os modelos de camas da associação. As condições da organização dos treinamentos foram decididas junto com as associações de moveleiros. O projeto Floresta Viva financia a madeira, parte dos insumos assim como a prestação de serviço da FUCAPI (instrutores). Os moveleiros participam da organização e custeio do treinamento: disponibilização do local de treinamento, contribuição de 40 Reais por cama produzida. O conjunto desses compromissos foi formalizado por meio de Acordos de Adesão assinados pelos moveleiros e o Floresta Viva.

Nessa fase, 47 movelarias das 4 associações foram treinadas, para produzir 9 modelos de camas.

§       Fase V – Teste de comercialização das camas do treinamento, formação das movelarias sobre técnicas de gestão e preparação da produção piloto

As camas produzidas durante o treinamento foram usadas para realizar um teste de comercialização em cada polo, por meio de contrato com as lojas presentes nos municípios. A avaliação da experiência (todas camas foram vendidas) confirmou que os mercados municipais são muito restringidos e validou a opção de visar o mercado de Manaus. As experiências também permitiram testar os materiais de divulgação.

No mesmo periodo se planejou com as associações uma produção piloto de camas para compradores de Manaus. Dois problemas apareceram: as estufas não iam sr funcionais para secar a madeira, os compradores de Manaus não estavam dispostos a arriscar um adiantamento e os bancos não podiam emprestar a associações. O projeto decidiu adiantar o financiamento da compra da madeira para não perder tempo e deixar um prazo para a secagem da madeira ao ar livre. Este adiantamento foi formalizado por meio de um Termo de Apoio Financeiro, assinado em fevereiro de 2008.

Paralelamente, o projeto treinou as associações em técnicas simples de registro e gestão financeira e de estoques de madeira. A FUCAPI realizou oficinas de treinamento e elaborou dois manuais didáticos com orientações para aumentar a qualidade e produtividade, e sobre calculo de preços de venda da produção. Nessa fase participaram 18 movelarias das 4 associações.

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§       Fase VI – Articulações comerciais e preparação do material de divulgação

De novo, o processo sufriu demoras, tanto no momento da compra da madeira (disponiblidade das espécies e trámites do DOF) como no prazo da secagem ao ar livre (lento em periodo de chuva).  A equipe organizou oficinas de mobilização das associações, em torno da elaboração das marcas corporativas, de um catálogo de divulgação e das discussões sobre os preços de venda.

Paralelamente, a FUCAPI realizou algumas articulações comerciais para a compra da produção piloto. No entanto, essas articulações resultaram difíceis, num contexto tão inseguro em termo de prazo e qualidade (secagem).

§       Fase VII – Acompanhamento da produção piloto

A produção das camas foi realizada conforme calendário da secagem da madeira, entre setembro e dezembro de 2008. A FUCAPI acompanhou as movelarias tanto na preparação das movelarias, como no processo de produção, para guarantir a qualidade das camas (passou mais de um ano entre o treinamento e a produção piloto). Nessa fase, 15 movelarias das 4 associações produziram 8 modelos de camas (120 camas).

§       Fase VIII – Campanha de sensiblização à madeira de floresta manejada e testes de comercialização

A produção ia ser muito tardía e as negociações comerciais se anunciavam difíceis com a única loja disposta a se ariscar: a loja TVLar. Observando o desconhecimento do conceito de mandeira de floresta manejada por parte da propria loja e dos consumidores, o projeto decidiu então organizar a campanha de sensibilização sobre o conceito da madeira manejada, em reforço do lançamento comercial previsto das camas. (ver 2.3.4 para a campanha).

Infelizmente, as negociações não chegaram a termo, devido ao excesso de inseguranças. As camas iam chegar muito tarde (devido ao prazo de transporte por barco) e o lojista oferecia um preço de compra muito baixo, similar ao preço das camas tradicionais de baixa qualidade e fabricadas com madeira não manejada.  As camas ficaram num entreposto em Manaus, naixo a responsabilidade da ADS que irá continuar o acompanhamento dos moveleiros na comercialização.

As planilhas seguintes detalham as atividades desenvolvidas pela FUCAPI no ambito desta atividade 2.3.2. (clique no nome da planilha que deseja consultar):

Planilha 1

Planilha 2

Planilha 3

 
 
2.     Modificações

O planejamento inicial da atividade junto com a FUCAPI preveia a realização de dois ciclos de geração de alternativa / produção / comercialização / avaliação, visando consolidar a cadeia com base na experi6encia adquirida.

Face às dificuldades encontradas (demoras no licenciamento dos PMFSPE, ausência de linhas de financiamento bancário para a compra da madeira, demoras na instalação das estufas para a secagem da madeira), as associações conseguiram realizar uma produção única de 130 camas. A comercialização das camas não era finalzada no final do projeto, sendo a ADS responsabilizada por continuar o acompahamento das associações nas negociações.

 

 
3.     Resultados

Embora o processo não chegou até a comercialização da produção piloto no prazo do Projeto Floresta Viva, deve-se considerar que está atividade gerou resultados significativos, pelo caráter experimental (desde a compra da madeira até a venda das camas ao consumidor), mobilizador (em torno de um projeto comum) e estruturante (entre associações de extratores, associações de moveleiros, lojas).

A identificação, análise e tratamento das dificuldades encontradas foram resultados significativos  da atividade, úteis para a equipe central do projeto no momento da formulação de propostas de aprimoramento da política pública, úteis para as associações de moveleiros e extratores em termo de experiência para pensar a estruturação da cadeia produtiva, úteis para sensibilizar os decidores do poder público sobre as condições a serem reunidas para poder viabilizar este tipo de cadeias produtivas geradoras de renda nos municípios do interior.

 
 
4.     Produtos e fontes de verificação